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Foto: Marcia Kalume / Agência Senado |
Como já deve estar sabendo aí em cima, você morreu,
companheiro. E fez valer aquela máxima de que a gente só dá valor às pessoas
queridas e coisas importantes justamente quando as perdemos. Quando deixamos de
tê-las companheiras, em definitivo, neste vale de lágrimas terrestre ainda tão
bonito de viver, lutar e preservar.
Você morreu, Sirkis! E foi citado, benza a Deus, mais como
ambientalista do que jornalista e militante político.
Esse foi o seu trunfo derradeiro: ter morrido com causa,
coragem e amor ao próximo, mesmo que esse próximo seja qualquer pessoa, planta
ou animal. Como nos poetizava Adélia Prado, perante o universo afinal, o ser
humano tem o mesmo valor que uma galinha.
Você não morreu como mais um de nós, como mero repetidor de
notícias que o mundo está acabando, a Amazônia continua em chamas, sem descer
do muro nem se engajar. Mas como um cidadão do mundo, que é o outro nome
moderno de ser ambientalista.
Você, caro Sirkis, não foi nem esteve sozinho nesta luta
inglória que é defender a natureza e o meio ambiente que nos restam, de forma
gratuita e democrática, tão igual ou maior que a economia burra e ainda não
verde que nos divide e empobrece.
Sua morte nos confirma também a história de vida e conversão
de outro ambientalista-mor, que é o nosso Sebastião Salgado com a sua Lélia
Wanick, em novo combate mundial contra o garimpo predatório e a chegada da
morte em massa, causada pela Covid-19 aos nossos últimos índios e povos da
floresta.
Depois de se consagrar como retratista, em preto e branco,
da condição humana no planeta, cada dia mais miserável. E também documentar,
nas altas e geladas altitudes, a existência de rincões de natureza selvagem,
ainda preservadas e distantes naturalmente do bicho homem e da sua ignorância,
Salgado não teve dúvida.
Em vez de ficar deprimido como somente repórter-fotográfico,
mesmo inigualável da tristeza humana ao redor do mundo, ele preferiu o outro
front maior do ambientalismo para lutar.
Afinal, continuar ser só fotógrafo da tragédia social passou
a não o sensibilizar mais. “Mas, sim - ele declarou – impedir a destruição da
natureza que continua intocada por milagre e temperaturas severas, em 46% do
planeta, onde o ser humano não chegou ainda. Essa destruição pode ser
revertida”, reafirmou Salgado.
Quer melhor companhia, Sirkis, como o sal da terra, onde
quer que você esteja?
Melhor captarmos um de seus últimos recados dados com olhos
de lince, sobre o aquecimento global. E ainda tem gente que não acredita, pode?
Segundo ele, “a questão climática não é mais um problema
mundial a ser discutido diante do nosso futuro comum. Ela é o problema
ambiental do planeta e da humanidade!”
Grande Sirkis!
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Bom dia,Gostei Hiram.
Balas