Imagem de divulgação da Nasa mostra uma das rachaduras na barreira de gelo Larsen C, que se desprendeu na Antártida. Imagem de divulgação/Nasa/EPA/Agência Lusa
Cientistas australianos descreveram nesta quinta-feira (13/07)
a ruptura do iceberg de 1 trilhão de toneladas da Antártida como
"profundamente preocupante". As informações são da Agência Xinhua.
Estudiosos do Reino Unido confirmaram, na última quarta-feira (12/07)
que a enorme barreira de gelo Larsen C, com área de 5,8 mil quilômetros
quadrados (área equivalente ao Distrito Federal), separou-se da Antártida entre
10 e 12 de julho.
Trata-se do terceiro episódio na parte Antártida que fica
mais próxima da América do Sul, depois que as barreiras de gelo Larsen A e B
entraram em colapso em 1995 e 2002, respectivamente.
Nathan Bindoff, chefe do Programa Oceanos e Criosfera do
Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos (IMAS), disse que a ruptura
aceleraria o afinamento do gelo na Antártida, o que significa que mais rupturas
são iminentes.
"Os grandes icebergs que se separam das principais
barreiras de gelo são um componente crítico da história da Antártida",
disse Bindoff em uma declaração nesta quinta-feira.
"As barreiras de gelo reforçam a camada de congelada da
Antártida e diminuem a taxa de perda de gelo na região. Portanto, um grande
iceberg como este significa que veremos uma aceleração das geleiras aterradas
atrás da barreira de gelo Larsen C.
"Surpreendentemente, essa aceleração das geleiras
contribuirá para o aumento do nível do mar nos próximos anos. Vimos
precisamente esse efeito no nível do mar quando a barreira de gelo Larsen B se
separou".
Apesar do colapso ser um processo natural, Ian Simmonds,
professor da Faculdade de Ciências da Terra da Universidade de Melbourne, disse
que o aquecimento global causado pelo homem acelerou o processo.
"A ruptura deste enorme iceberg da barreira de gelo
Larsen C é profundamente preocupante. Isso ocorre após o colapso de uma parte
da barreira de gelo Larsen B em fevereiro de 2002", disse Simmonds.
"As causas dessas rupturas são semelhantes. As
temperaturas aumentaram drasticamente na região ao longo das últimas décadas.
Isso significa que as temperaturas do verão ficam agora geralmente acima do
ponto de congelamento, e o derretimento da superfície enfraquece
significativamente as barreiras de gelo".