Semana
dessas, como de costume, passei na sala do médico otorrinolaringologista João
José de Castro, em BH, para uma mais conversa que consulta, de tanto que
viramos confidentes ambientais.
Aos 83
anos, ele tinha um sítio em Abaeté (MG), onde lutava há quatro anos junto ao
Instituto Estadual de Florestas (IEF) para conseguir duas licenças ambientais.
Uma para poder reflorestar o terreno já devastado. E outra para barrar e
utilizar, de maneira sustentável, a pouca água que ainda brotava ali.
Passei em
vão. Contemporâneo de Apolo Heringer, na Faculdade de Medicina da UFMG, de quem
sempre falávamos, o amigo médico das minhas orelhas secas não estava mais.
Havia morrido de acidente de trânsito, na véspera do carnaval, indo com a
mulher Fabiana e sua filha Júlia para o seu verde particular. Um verde e uma
água que ele tentou legalmente preservar. Tudo por culpa da precariedade cada
dia pior dos nossos órgãos públicos ambientais. Nossos IEFs, IGAMs, FEAMs e
SEMADs que tanto amamos, defendemos e continuam sem condições de chegar a
tempo, até o cidadão comum. É de doer o coração e a nossa inteligência.
Obrigado,
dr. João, pelas consultas de sabedoria. A natureza te agradece mais ainda pelas
quatro mil mudas de árvores que você conseguiu plantar clandestinamente. E
esconder do governo, ouvindo este seu paciente subversivo.
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