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Foto: Edu Morais |
Esse foi o recado maior do ex-deputado e ex-secretário de
Meio Ambiente de São Paulo, Fabio Feldmann, durante o Ciclo de Palestras “A
Informação e o Meio Ambiente”, promovido no auditório da Fumec, em BH, pela ONG
Ponto Terra, em comemoração aos seus 13 anos de atividade.
Segundo o ambientalista, nas democracias, como os mandatos
em média duram somente quatro anos, os políticos são forçados a também pensar
somente no curto prazo. Não conseguem propor nem realizar nada a médio e longo
prazos. Daí, como num círculo vicioso, não planejam nem se comprometem
efetivamente com a questão ambiental, a causa que hoje mais ameaça o planeta e
preocupa a humanidade, vide os efeitos das mudanças climáticas e os estragos
que elas têm feito indistintamente na vida de milhares de pessoas. Só Obama, presidente do maior, mais
democrático e poluidor país do planeta, ressaltou Feldmann, parece ter acordado
para isso. E já está pagando um preço politicamente alto para mudar a cabeça de
seus pares na Casa Branca: “O nosso futuro comum dirá que ele está certo. A
nossa dúvida é se o relógio da natureza irá dar tempo para os EUA liderarem
essa nova cultura na política”.
Votos planetários
Segundo o conferencista, autor do livro best-seller
“Sustentabilidade Planetária, onde eu entro nisso?”, ninguém pode ser culpado
por este contexto. No caso brasileiro, “nem a Dilma, nem os atuais governantes
e
políticos. De um modo geral, eles continuam imobilizados pela cultura
política tradicional, ainda sem a consciência de que estamos vivendo a maior
crise ambiental de todos os tempos. Daí a não urgência da sustentabilidade
efetiva nas suas gestões públicas”.
A esperança contra isso, da causa ecológica ainda não lhes
gerar votos, apontou Feldmann, está na outra ponta do desenvolvimento
sustentável, depositada em um novo tipo de consumidor global em expansão: “Em
tempos de uma inevitável e bem-vinda economia de baixo carbono, quem
influenciará o novo mercado mundial e o modo dos governantes fazer política
doravante, é o consumidor consciente. Esse consumidor, cada dia mais informado
do estado do planeta, já está tendo e terá um papel fundamental na mudança de
comportamento”.
Segundo o ambientalista, ao exigir e preferir produtos de
madeira ambientalmente certificada, por exemplo, essa nova classe consumidora
incorporará em sua consciência um novo recado político e exigência
eleitoral: o de que ela não está mais
somente consumindo, mas agindo, por exemplo, com cidadania planetária para
proteger as florestas que nos restam:
“Isso valerá o seu voto numa escala mundial, vide o poder
ainda incomensurável das redes sociais. Será a vez dos eleitores-consumidores
politizarem ambientalmente os seus candidatos e governantes, e não mais o
contrário. Mobilizações como nas Diretas Já, no Brasil, dificilmente ocorrerão
novamente. Mas mobilizações planetárias pela causa, via internet, isso sim, irá
acontecer de maneira avassaladora e incontrolável . Será o futuro próximo. E
todos nós, incluindo a classe política, que também tem filhos e instinto de
sobrevivência, iremos aderir. Não existe realidade e esperança mais democráticas
e necessárias do que isso. Só os políticos de uma outra geração ignorarão o poder eleitoral e irreversivelmente
crescente das redes e das ONGs. Só o Greenpeace tem hoje mais de 2,8 milhões de
filiados” – concluiu Feldmann.
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