Efeito Cristina
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Se o eventual ocupante da presidência do Brasil quisesse fazer as pazes com Deus, parando de destruir a natureza, índios, caboclos, rios e peixes. E, assim, se livrar do inferno pós-morte que certamente o espera, ele já tem a receita. Trata-se da sua ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Cada dia mais, ela vem sendo admirada não somente pelos seus pares ideológicos, o que seria chover no molhado. Mas por vários ambientalistas e diferentes representantes do meio produtivo e da sociedade civil organizada. Tudo por causa do seu discurso não radical da questão ambiental. Como se fosse ela, e não o contrário, o ministro do Meio Ambiente que o Brasil ainda não tem, e tanto nos isola economicamente do resto do mundo.
Fora da curva
Num evento recente, em Buritis (MG), com a presença de outros seis ministros, realizado pelo Instituto Espinhaço, Tereza Cristina não deixou por menos. Defendeu, como Chico Mendes, o desmatamento zero. Disse que o Brasil tem 100 milhões de hectares de terra já degradados de ex-florestas, matas, campos e cerrados erodidos. E que, portanto, após recuperar ambientalmente e incorporá-los à atividade agropecuária sustentável, faria o país dobrar a sua produção em apenas 20 anos, sem precisar cortar uma só árvore.
Efeito Monalisa
Nem tudo está perdido. O governador Romeu Zema soube ouvir o ninho ambientalista e, assim, acertar, pela segunda vez, ao empossar a engenheira civil e doutora em saneamento e recursos hídricos Marília Carvalho, como a nova titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Ela substituiu Germano Vieira, o primeiro grato acerto de Zema, em plena tragédia de Brumadinho.Servidora de carreira, respeitada e admirada pelos seus pares, trata-se da primeira mulher na história ambiental de Minas a comandar, doravante, a estratégica e desafiante pasta da Semad.
Com um rosto que lembra a admirável pintura de Leonardo da Vinci, no Museu do Louvre, em Paris, Marília não é nada enigmática. Pelo contrário, é franca e transparente como as águas que sempre defendeu. E tem uma história interessante, pessoal e familiar, com a questão ambiental (leia sua última entrevista à Ecológico que republicamos na página 20). Ela também não esconde, ideologicamente, qual a sua posição política: “O meu partido – repetiu na posse - é o meio ambiente!”.