Vale devasta cortina de eucaliptos que garantia sombra
na entrada do seu antigo cartão de visitas
Causou surpresa, feiura, desolação e, consequentemente, mais
calor ainda no microclima local, o corte sumário de vários eucaliptos na
entrada já bastante sem verde da ex-Mina de Águas Claras (MAC), da mineradora
Vale, no município de Nova Lima, logo atrás da Serra do Curral, quase divisa
com a capital mineira.
A devastação atingiu principalmente a faixa lateral do
estacionamento externo, expondo os carros e motoristas, incluindo
motociclistas, agora ao sol pleno, contíguo à demais áreas ali urbanizadas,
totalmente asfaltadas e cimentadas da empresa. Tal como o estacionamento
interno, também sem árvores nem sombra.
A Vale informou, em nota, que cortou as árvores por medida
de segurança, uma vez que “inspeções técnicas indicaram risco de queda”. E que
a supressão foi autorizada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). A
empresa acrescentou que está em fase de planejamento o plantio de espécies
nativas no local, em conformidade com o bioma da região:
“Esta ação contribuirá para valorização da Reserva Natural
da Mata do Jambreiro (Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN- da
Vale), que se configura em um bolsão de preservação da Mata Atlântica de alto
valor para a conservação na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dos cerca
de 2 mil hectares da área da Mina de Águas Claras, 912 hectares são ocupados
pela Mata do Jambreiro.” – concluiu.
SEM NECESSIDADE - A Revista Ecológico esteve no local
e documentou, com tristeza, a quantidade não informada de árvores tombadas em
plena crise climática local e mundial, causada, entre outros fatores, pela
escalada do desmatamento e o consequente aquecimento global. O motivo alegado
de segurança não se justifica plenamente do ponto de vista ecológico: estariam
todos os eucaliptos, ao mesmo tempo e com idades diferentes, ameaçados de cair?
Afinal, há técnicas florestais comprovadas, entre elas a
poda parcial e dirigida de árvores, capazes de fazê-las cair em local desejado
e com segurança, à medida que vão envelhecendo naturalmente. E evitam assim, as
suas supressões sumárias. Tal como a Cemig já pratica em BH, para dar segurança
à população, evitar o contato delas com a fiação e controlar a qualidade do
clima, fazendo jus ao fato de ser admirada como uma das capitais mais
arborizadas do país.
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