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Antonio Simone |
Morreu no
último dia 27 de janeiro, em BH, aos 67 anos, de infarto do miocárdio, o médico
psiquiatra Antonio Soares Simone. Foi ele quem liderou, nos anos 1980, a
revolta psiquiátrica que pôs fim aos manicômios públicos em Minas Gerais. À
frente da Associação Mineira de Saúde Mental, foi ele também quem trouxe ao
Brasil o seu colega italiano Franco Basaglia, autor de uma lei que proibiu a
construção de novos hospícios naquele país. Em 1979, após visitar o
Hospital-Colônia de Barbacena -
acompanhado de Simone – Basaglia declarou à imprensa que o que viu ali, a
exemplo também dos hospitais Galba Veloso e Raul Soares, não eram casas de
saúde, mas “verdadeiros campos de concentração nazistas”. E que todas as
pessoas que trabalhavam nesses hospícios, sem exceção, desde os atendentes até
seus diretores, “exerciam os papéis de carcereiros e torturadores”.
Acusado de subversivo, na época, por fazer
esta mesma denúncia antes da vinda de Basaglia, Antonio Simone chegou a ter o
seu diploma ameaçado de ser cassado pelo Conselho Regional de Medicina.
Portador de diabetes, que muito o debilitou, sua última aparição pública
aconteceu em maio de 2016. Foi durante a estreia da peça “Nos Porões da
Loucura” (baseada no livro homônimo que lancei e tem prefácio escrito por
Simone), em um lotado Grande Teatro Sesc Palladium, na capital mineira.
Ao ser
citado, ele foi carinhosamente aplaudido pela plateia. Graças à sua subversão,
a exemplo de outras lideranças do movimento, como o psiquiatra Jairo Toledo,
que coordenou “in loco” o processo da mudança;
e o cineasta Helvécio Ratton, autor do filme “Em Nome da Razão”, não
existe mais o antigo “Colônia” de Barbacena. Foi ali, no maior e mais desumano
hospício do Brasil, construído em 1903, que 60 mil pessoas morreram de abandono
e maus-tratos, 75% delas – o que foi comprovado depois – sem quaisquer
transtornos mentais. Grande Simone!
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Meus sinceros sentimentos de pesar à familia e amigos dessa pessoa que deu voz aos esquecidos
Balas