Baseado no livro homônimo de Hiram
Firmino, espetáculo resgata, em montagem sensível e bastante intensa, a
trajetória do Hospital Psiquiátrico de Barbacena
Baseado na obra homônima de Hiram Firmino, o espetáculo “Nos porões da
loucura” adapta a série de reportagens publicadas pelo Jornal Estado de
Minas, no ano de 1979 e reunidas em livro pelo autor, em uma montagem teatral
que resgata o horror vivido pelos pacientes portadores de sofrimento mental ou
simplesmente os indesejados pela sociedade. Com dramaturgia e direção de Luiz
Paixão, “Nos Porões da Loucura” ficará em cartaz, em temporada de estreia, com apresentações gratuitas, apenas nos
dias 20, 21, 22 e 24 de maio, no Grande
Teatro do Sesc Palladium.
Com cerca de 60 mil mortos desde sua fundação, em 1903, o Hospital
Psiquiátrico de Barbacena se configura como uma das maiores manchas na história
de Minas Gerais e do Brasil. Com inúmeros casos de negligência, abandono,
crueldade e indiferença, sua trajetória foi retratada na série de reportagens
do jornalista Hiram Firmino, logo depois reunidas em uma única publicação.
Decisivo para a luta antimanicomial e para a reforma psiquiátrica, o livro foi
vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo no ano de 1980: “A série de reportagens do Hiram deve sempre ser lembrada pela sua
importância histórica e, sobretudo, de como colocar o jornalismo a serviço da
dignidade humana. Foi a partir dele que surgiram outras obras que aprofundaram
a discussão, abordando outros aspectos muito importantes também.”, destaca
Luiz Paixão.
Preparando-se para lançar a terceira edição de seu célebre livro,
Firmino destaca a riqueza da espetáculo e a importância de sua montagem décadas
depois da série de reportagens e em um delicado momento do país: “Achei a peça fortíssima, densa e essencial,
a ponto de não precisar de outros recursos cênicos. Estou orgulhoso do trabalho
e competência do diretor Luiz Paixão, que conseguiu traduzir de maneira
verdadeira, seca, visceral e comovente as crueldades que, somente no
Hospital-Colônia de Barbacena, condenaram a morte mais 60 mil pessoas
consideradas loucas ou não. Montagens como essa, com um elenco e uma direção
mais reais impossíveis, nos dizem: ‘Esquecer, jamais. E rememorar sempre, para
não se repetir.’”.
Além do apoio em outras referências bibliográficas, como trabalhos
acadêmicos e o livro “Holocausto brasileiro,” de Daniella Arbex, a equipe
também contou com a assistência da equipe de profissionais do Hospital Raul
Soares. Representantes da instituição acompanharam ensaios, prestaram
consultoria com relação à caracterização das personagens e prestaram todos os
apoios solicitados durante o processo de pesquisa e produção da montagem. Sobre
essa colaboração, Luiz comenta: “Todos
ali abraçaram o projeto, compreendendo a importância de se discutir, no âmbito
do teatro, um dos mais graves e terríveis eventos da nossa história. Barbacena
é um ponto de partida para se discutir não só o tratamento de portadores, mas
discutir também os cruéis métodos de degradação do ser humano.”.
Para a construção das personagens dos internos, o diretor propôs uma pesquisa das fotos de pacientes do Hospital de Barbacena presentes em livros. Cada um dos 9 atores do elenco escolheu uma imagem e, a partir de uma postura corporal, elaborou sua personagem. Os figurinos da montagem são assinados pelo estilista Ronaldo Fraga, elaborados a partir de uma pesquisa estética e também histórica. A trilha sonora é assinada por Marcus Viana, um dos principais compositores de música instrumental brasileira, responsável pelas trilhas de diversas novelas, como “Pantanal” e “O Clone” e “A Casa das Sete Mulheres”, e dos filmes “Olga”, “Filhas do Vento” e “O Mundo em Duas Voltas”.
Para a construção das personagens dos internos, o diretor propôs uma pesquisa das fotos de pacientes do Hospital de Barbacena presentes em livros. Cada um dos 9 atores do elenco escolheu uma imagem e, a partir de uma postura corporal, elaborou sua personagem. Os figurinos da montagem são assinados pelo estilista Ronaldo Fraga, elaborados a partir de uma pesquisa estética e também histórica. A trilha sonora é assinada por Marcus Viana, um dos principais compositores de música instrumental brasileira, responsável pelas trilhas de diversas novelas, como “Pantanal” e “O Clone” e “A Casa das Sete Mulheres”, e dos filmes “Olga”, “Filhas do Vento” e “O Mundo em Duas Voltas”.
No esfera da interpretação, tomou-se um grande cuidado para não cair na
emoção melodramática ou na crítica leviana e irresponsável, facilmente
permitidos pelo tema. O diretor optou, assim, por duas instâncias de abordagem
e concepção cênica, em uma relação
dialética de aproximação e distanciamento, que pretende equilibrar e conduzir o
público à emoção, mas, também, a ter uma visão crítica da história do Hospital
de Barbacena. Sobre isso, Paixão destaca:
“Discutir um tema tão delicado como esse, nos exigiu bastante cuidado, e, sobretudo,
respeito absoluto com a memória dos que ali morreram e com os que estão vivos.
Nos meus quase quarenta anos de teatro, nunca me cobrei tanto como agora,
fazendo Nos porões da loucura. Cobrança estética, política e ideológica. Não se
pode ser irresponsável quando se trata da degradação, da desumanização, da
verdadeira animalização de pessoas que foram jogadas, sem nenhum cuidado, sem
nenhum respeito humano, num hospital que deveria cuidar delas e, simplesmente,
as maltratou. O Estado não cumpriu sua responsabilidade com essas pessoas.
Agora, cabe a nós, artistas, cuidar para que essa história não seja esquecida
para que não se repita jamais. Nossa responsabilidade é enorme, e dela não
fugimos.”.
Sinopse
Baseado no livro homônimo de Hiram Firmino, conta a trajetória do Hospital Psiquiátrico de Barbacena, onde cerca de 60 mil pessoas morreram desde a sua fundação, em 1903. Os pacientes, funcionários, famílias e sociedade são retratados em cenas. O pátio do Colônia, destino de tantos excluídos, testemunhou distintas histórias de lutas, sofrimentos, abandonos, solidariedade e esperança, transforma-se em cenário para a trama. A dignidade humana ganha status de luxo e o básico, negado ao ser humano. A reconstrução da história pela arte assegura a metodologia do espanto frente a dor do semelhante. Por uma sociedade sem manicômios.
Espetáculo “Nos
porões da loucura”
Baseado no livro
homônimo de Hiram Firmino
Dramaturgia,
direção e Iluminação: Luiz Paixão
Produção, direção
de arte e comunicação: Ana Gusmão
Assessoria de Imprensa: A Dupla Informação
Cenário: Décio Noviello
Figurinos: Ronaldo Fraga
Trilha sonora: Marcus Viana
Preparação
corporal: Joaquim Elias
Cenotécnica: Felício Alves
Elenco: Alberto Tinim, Anaís Della Croci, Antônio
Rodrigues, Carlos Henrique Silva, Nanda Freitas, Luiz Gomide, Marco Túlio
Zerlotini, Mariana Bizzotto, Meibe Rodrigues
O espetáculo “Nos Porões da
Loucura” é viabilizado com recursos das Leis Municipal e Federal de Incentivo à
Cultura, com o patrocínio da CBMM, Unimed-BH e Cera Ingleza e é uma
co-realização com o SESC Palladium.
::Serviço
Temporada de estreia do espetáculo “Nos Porões da Loucura”
Dias 20, 21, 22 e 24 de maio(sexta, sábado, domingo e terça-feira)
Horário: 20h
Local: Grande Teatro do Sesc Palladium (R. Rio de Janeiro,
1046 – Centro- BH)
Entrada gratuita – mediante retirada antecipada de ingressos.
Ingressos deverão ser retirados a partir
do dia 02 de maio, na bilheteria do
Sesc Palladium (De terça-feira a domingo, de 9h às 21h).
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos
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