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O novo secretário: mesma missão que ele presidiu, apoiou e experimentou à frente do Ministério Público Foto: Marcos Takamatsu |
Não cai uma só folha seca no solo que não esteja nos planos
de Deus. Do mesmo modo, e guardadas as devidas proporções, é possível afirmar
que a nomeação-surpresa de Alceu Torres Marques, para o cargo de novo titular
da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad),
em substituição a Adriano Magalhães, foi triangularmente planejada para (olhe a
ironia) retirar a pasta do completo desfalecimento político e operacional que a
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) lhe causou. Isso por não
a ter poupada de sucessivos cortes financeiros nem lhe permitir o retorno
rubricado do que a pasta arrecada em fiscalização e licenças. Também por não a
considerar uma secretaria estratégica aos olhos da população e do estado
ambiental que Minas, o país e o mundo se encontram. Basta vermos a guerra
pública pela água entre os governos do Rio e de São Paulo. E o abandono dos
nossos parques estaduais e federais, das nossas unidades de conservação às
mínguas, onde as águas ainda nascem e correm limpas, com peixes e matas
ciliares.
Desse modo, o que foi surpresa virou esperança. E ela teria
sido articulada, antes da transmissão do cargo, por Antonio Anastasia e seu
então vice (agora governador) Alberto Pinto Coelho, de quem Alceu também é
próximo. Com a posse do novo secretário (a ECOLÓGICO ouviu as principais
lideranças ambientalistas sobre isso, você vai ler na próxima edição), a Semad
ganha em valor político e hierárquico. Como procurador-geral de Justiça de
Minas Gerais, Alceu ocupou um dos quatro maiores cargos na hierarquia do poder
estadual, ao lado do governador, do presidente da ALMG e do Tribunal de
Justiça. Melhor do que isso. Como também coordenador do Centro de Apoio
Operacional das Promotorias de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), cargo que ele
exercia até então, Alceu fez um humilde e profícuo mergulho na causa que hoje
preocupa desde o cidadão comum ao mais poderoso dos governantes. Ele foi chefe
e aprendiz. Também colocou em prática o que três de seus colegas
extraordinários do Ministério Público, os promotores Carlos Eduardo Ferreira,
Luciano Badini e Paulo César Vicente de Lima, aconselharam. Por sua retidão,
competência e seriedade na questão ambiental, os três já foram aclamados com o
Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, o “Oscar da
Ecologia”, respectivamente nos anos 2010, 2011 e 2012.
Nos últimos 13 anos, com apoio unânime dos ambientalistas e
na contramão do que o setor produtivo e alguns segmentos conservadores diziam
de maneira preconceituosa, o Caoma conseguiu reduzir em 25% o prazo médio de
conclusão dos inquéritos civis na área ambiental e chegou a uma solução
negociada em 85% dos casos de desrespeito à legislação no Estado.
O próprio Alceu presidiu a condecoração de Badini, durante
cerimônia exclusiva com a Revista ECOLÓGICO na sede do Ministério Público de
Minas Gerais, em janeiro do ano passado. Ele sabe o que o espera e o que se
espera dele.
Vale recordar, junto de Hugo Werneck in memoriam, o que o
novo titular da Semad declarou em 26 de outubro de 2012, ao receber a Medalha
Santos Dumont, na Fazenda Cabangu, no coração devastado, poluído e também sem
água do Estado: “Não é pela graça da natureza que Minas ostenta invejáveis
índices de crescimento, muito superiores à média nacional. Não é por obra do
acaso que o nosso nível de desemprego é um dos menores do país. Não é porque
Deus nos deu o berço esplêndido da província mineral mais diversificada da
orbe, que nossa economia desenvolve. É pela genialidade de um sem-número de
mineiros, Santos Dumonts anônimos da prudência, do trabalho duro e da
criatividade que, orgulhosos, desfraldamos a bandeira do crescimento
sustentável”.
Vale acreditar!