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A desimportância do verde na Cidade Jardim do Brasil - Fernanda Mann |
É triste, mas é verdade. De nada adiantou o protesto e a
esperança dos milhares de leitores da Revista ECOLÓGICO, multiplicados via
redes sociais, contra o processo de desertificação do novo Mineirão. Além de
não ter aprendido a fazer feijão tropeiro, o Minas Arena também não sabe
plantar árvores.
Ao invés de um prometido e dialogável paisagismo ambiental,
dentro e fora do estádio, que livrasse os torcedores, visitantes e
frequentadores do calor infernal e do sol cancerígeno devido à falta de
sombras, o que acaba de ser feito ali, naquela imensidão de asfalto e cimento?
O plantio em toda a área externa do Mineirão, na Esplanada e na passarela que
liga o estádio ao ginásio do Mineirinho, de apenas... apenas 44 árvores em...
caixas de cimento! E pior: da inadequada espécie Triplaris brasiliensis,
há anos condenada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por causa de suas
floradas atraírem abelhas e moscas varejeiras.
Quem atesta isto é Sérgio Tomich, um dos mais respeitados
biólogos e paisagistas mineiros, ex-diretor de Parques e Jardins da SMMA,
inspirador e criador do convênio PBH-Cemig para dirimir a eterna briga entre a
fiação elétrica e a arborização pública da capital.
Segundo ele, também conhecida como Pau-Formiga ou
Pau-de-Mulato, a Triplaris é uma espécie de árvore típica de solo fértil,
profundo, úmido, enriquecido com matéria orgânica e irrigada regularmente. Ou
seja, ela ocorre perto de cursos d’água ou lagos, ao longo das matas ciliares,
onde se beneficia naturalmente da umidade do solo, justamente o que falta nos
80 mil m2 de área livre cimentada do novo estádio, onde pessoas de
todas as idades, velhos e crianças frequentam, independentemente de se há jogo
ou não.
Ao contrário de tantas espécies mais adequadas da Mata
Atlântica, como jequitibás, faveiros, pau-reis e até fícus, que tanto já
esverdearam e humanizaram a história da capital mineira, o Triplares
brasiliensis tem motivos para ter sido banido de toda arborização pública.
Ele não dá sombra, não é majestoso, é esteticamente feio quando não está
florido, e fraco por ter o seu cerne oco. É uma árvore linda, que se sobressai
e colore as matas, na beira de rios. Nunca de deserto urbano, solitária e
aprisionada numa caixa de cimento.
Uma pena, enfim, o Minas Arena não ouvir os mineiros, nem a
sua natureza, como nos foi prometido. E
lembrar o que Tancredo Neves disse uma vez quando, irritado com as línguas-de-cimento
áridas que estavam transformando todos os canteiros centrais de BH, ele mandou
“furar” toda a extensão da Avenida Antônio Carlos, igualmente reformada como o
novo Mineirão, e plantar árvores: “Só os ortodoxos não gostam do verde!”.
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E inacreditável como podem não cumprir promessas feitas, ainda mais se tratando de um assunto tao serio e de saúde publica como o plantio de arvores,que não só purificam o ar do local que haja vista não ser muito bom mas também melhorando a estética.
BalasAs condições nas quais foram submetidas o plantio das arvores não dão vasão para o crescimento adequado delas pois foram plantadas em caixas de cimento e também atraírem abelhas e moscas varejeiras. .
Espero que o Minas arena possa resolver isto.